Memórias de uma garota de 15 anos
Foi bem na virada dos doze pros treze que eu entrei no mundo virtual. No MSN, mais precisamente. E com um único objetivo: falar com os meninos da banda Metanóia. Pra falar a verdade, não sei se eu entrei pra fazer isso, ou se só soube fazer isso quando entrei, mas no mesmo instante em que terminei de instalar o MSN Messenger, tratei de encontrar o e-mail deles. E assim adicionei meus primeiros contatos: Markeetoo e Micael. Era como um sonho realizado, eu passava a tarde inteira conversando com o Markeetoo, e assim que ele ia pra faculdade, o Micael entrava e passávamos a noite toda conversando. E foi daí pro fotolog.. Postava todos os dias.. e bombava! Ainda postava em todos esses fotologs abertos: Purple, converse, eyes, webcam.. e assim minha lista de contatos cresceu muuito. Conhecia gente de todo o canto do Brasil, além de uns argentinos, um uruguaio, um mexicano...
E foi assim, falando um xuxês moderado, alguns erros de gramática, com 10 janelinhas do MSN piscando ao mesmo tempo, comentando em infinitos fotologs, admirada por muitos e ignorando a oposição, que eu entrei nos 13 anos.
Eu sempre tive personalidade forte. Falo muito, dou minha opinião, e assim que fui marcando território na Internet, fui transferindo essas características para a “aninhah”. Ah! era um mundo mágico! Porquê eu poderia ser como eu quisesse. Sabia ser engraçada, dizer as coisas certas, falar besteiras, ser durona, ser bobinha. Foi nesse auge do mundo virtual eu cheguei a desaprender a me relacionar com as pessoas ao vivo. Eu me esforçava pra manter o meu perfil ao vivo exatamente como aquele, criado pouco a pouco na frente de um monitor, mas não era a mesma coisa. Não tinha como dissimular. Não sabia nem o que fazer quando eu encontrava algum conhecido. Minhas bochechas vermelhas me entregavam. Na Internet elas só apareceriam se eu quisesse. Até as palavras me faltavam. Cadê aqueles assuntos todos? E as piadinhas?
13 anos. Fora da escola. Sem amigos. Sem falar com ninguém. Como eu poderia desenvolver um diálogo ao vivo? Eu só tinha a Internet.
Um belo dia de culto, a Tia Lena me chamou pra um discipulado que ela estava fazendo. Eu achei o máximo! Não tinha outro compromisso, além da Internet, mesmo. Além do mais.. era na casa do Markeetoo e do Micael!!!
Surge então um novo nível de relacionamentos, me envolvendo mais com as pessoas, e sempre muito participativa, fui voltando a ser real outra vez. Mais calada, observadora e escondendo o sorriso, é verdade, mas pelo menos eu acho que eu era bem legal.
13 anos, me adaptando às mudanças e tentando inconscientemente encaixar as várias personalidades.
Uma surpresa! Me peguei apaixonada. Mas não uma paixão surreal. Muito menos uma paixonite. Era de verdade. “Mas como, menina? Lembra que tu só tem 13 anos?”. Não sei, mas aconteceu.
Encontrei o homem da minha vida. Ou melhor, ele me encontrou. Bons momentos. Foi quando eu pude comprovar que os namorados quando estão longe um do outro, não ficam com aquele sorrisinho ridiculamente apaixonado e aquela cara de bobo de propósito. Líndo, apaixonado, meu, e 11 anos mais velho.
13 anos, formando uma personalidade, amando e empurrando a escola com a barriga.
Essa foi uma fase estranha. Eu fiquei completamente na lua. Até as minhas lembranças são vagas. Estava numa espécie de êxtase. Eu era a “Pequena Musa”. E foi assim durante uma eternidade... pelo menos na minha cabeça. Oficialmente, não completou nem dois meses.
Um pé na bunda? Tudo bem, ele volta... é só um “tempo”. Eu estava mesmo paralisada. Até cair uma bomba na minha cabeça. Filho da mãe! Como ele pode aparecer com outra? A ex? Duas semanas depois?
Foi o fim. Eu era um lixo. Mas “a vida não para pra esperar nós recolhermos os cacos”. Eu aprendi isso da pior maneira. Ninguém queria ouvir minhas lamúrias. Era ridículo sofrer.
Passei um tempo sem Internet. Foi bom porque me deixou distante dessas pessoas. Foi ruim porque fiquei isolada. Foi muita dor sufocada.
Sem ombro amigo, o jeito era chorar com meu sapinho, o John.
13 anos, reprimida.
Fazer o que? A vida ta passando, é melhor engolir tudo e correr.
A essa altura a escola já era. Que importância tinha? Eu já não ia mais entrar na faculdade com 16 mesmo. Não tive tempo de recolher os meus planos do chão. Estava vivendo por viver.. aos “altos” e baixos com Deus e com uma máscara pra não cansar as pessoas com minhas tristezas. Fui indo.
Foi aí que as meninas do discipulado me convidaram pra formar um grupo pra ler o livro “Homens são de marte. Mulheres são de Vênus”. Surgiram então as venusianas. Foi ótimo. Tinha alguma coisa para me distrair. Tinha com quem conversar, com quem sair.
13 anos, venusiana, sem estudar,mas colocando as coisas de volta no seu lugar.
Aos poucos a máscara foi absorvida pela minha personalidade. Estava bem. Voltei ao mundo virtual, agora sabendo que tinha que balancear as coisas.
Me diverti com as venusianas, conheci pessoas pela Internet e passei a conviver com elas. Desenvolvi algumas amizades. Descobri o que é ciúme de doer os ossos e saudade de furar o coração. Voltei a fazer planos. Fiquei bem com Deus. Essa reta final foi uma fase de altos e baixos, ou melhor, de aprendizado.
Segundo os psicólogos, nós avaliamos algo baseado na nossa lembrança mais recente relacionada aquilo. Num jogo de futebol, por exemplo, o mengão pode não ter jogado nada durante todo o jogo, mas se no finalzinho ele acertar uma jogada, marcar um gol e virar o placar, a lembrança que eu vou ter é de que o jogo foi muito bom.
E não teria forma mais legal pra sair dos treze do que uma festa surpresa planejada pelas minha amigas. Me senti querida e importante como ainda não tinha sentido longe do computador.
Fim dos 13, um novo começo.
lhe conheci aos treze?
ResponderExcluir;)
ou será q ainda não a conheço?
oO
Olá!Aki tá muito linduu,passa no meu blog e comenta tbm,bjinhuxx.....
ResponderExcluirEu estou sendo citada nesse post. Hahahaha..
ResponderExcluirEu tava procurando uma letra de uma musica da extinta Metanoia e o google me trouxe até aqui :P Bjo :*