Estou passando por uma experiência diferente. É um estágio de vegetarianismo pra me adaptar a essa nova forma de vida.
Uma decisão que mudará meus valores e hábitos durante toda a minha vida não pode ser tomada de uma hora pra outra, mas a cada minuto tenho mais certeza de que tirar animais na minha alimentação é o mais racional a ser feito.
Caso você também esteja pensando em fazer isso ou tem alguma curiosidade de saber de uma leiga como é a primeira fase aqui vão alguns pontos observados por mim.
Virada radical
Numa família onde não há um vegetariano sequer, parar de comer animais não passa despercebido. Até agora todos aqui em casa tem levado na boa, apesar de ninguém botar fé de que vai durar muito tempo e não entenderem bem o porquê. Não quero ser nenhuma radical, não quero que eles parem de comer carne, muito menos você que está lendo. É uma atitude absolutamente pessoal. Também não quero ter que sair falando em todos os lugares onde eu passar, essa fase de adaptação é complicada, mas descrição é fundamental. (relevem o fato nada discreto de eu estar publicando meus ideais numa página de acesso internacional).
Ideal
A decisão de não tomar nenhuma postura radical é muito importante, portanto, não esperem que eu os condene por comer animais nem que eu mude a imagem do template do meu blog porque tem um bife. Sei que quando eu já estiver adaptada, o fato de eu comer animais ou não vai alterar em nada a minha rotina ou a rotina da minha família, que eu tenho feito lanchar em lugares que me dão a opção de batata-frita, por exemplo uehuehueheuhe.
O motivo ético
“Do ponto de vista ético, a carne em nossa mesa implica em crueldade com os animais, bem como com o próprio ser humano, uma vez que sua produção é anti-econômica e a quantidade de alimento produzido em uma mesma extensão de terra é muito menor do que quando dedicada à lavoura. Portanto, em um mundo onde a fome ainda é uma realidade para grande parte da família humana, torna-se, o comer carne, um hábito suntuoso, totalmente inaceitável.
A maneira como os animais são criados em espaços reduzidos, confinados em gaiolas ou em ambientes superlotados é cruel e desumana. Os animais são muito ligados à sua prole; quando criados confinados são impedidos de seguir seus instintos, o que os faz sofrer intensivamente. A forma como são abatidos é primitiva e violenta. Os métodos para atordoá-los não são confiáveis e muitos são esquartejados, esfolados, queimados e/ou depenados ainda vivos.
Os animais são transportados para o abate em condições péssimas, muitas vezes ficando sem alimento ou água por longos períodos de tempo. Em vista disso, muitos morrem a caminho do matadouro.”
No início não é fácil
Num dia normal na minha casa, no lanchinho do meio da tarde e do fim da tarde, eu fritaria hambúrguer ou mini-chicken que estão sempre prontinhos na geladeira, e de noite eu como sempre um x-bacon ou um x-calabresa da lanchonete perto de casa. Hoje, estou absolutamente perdida encontrando alimento apenas nos vários tipos de pão que rondam a minha geladeira. Num dia pão manteiguinha, no outro pão de forma, no outro dia pão francês, no outro dia eu já não agüento mais!!!
Tudo bem, tem a ceia de natal. Participei da ceia das minhas três famílias e não encontrei um prato sequer sem a presença de defuntos!! Até o macarrão tinha camarão, frango no arroz, porco na farofa...
Acredite em mim, se você não fizer um estudo e se preparar bem antes de assumir o vegetarianismo, você vai
passar fome!
Claro que há várias receitas ótimas sem animais, mas fui pega de surpresa já que não há um vegetariano sequer no meu circulo familiar-amiguístico e eu tinha acabado de decidir a tomar essa postura quando fui à festa de natal. Ano que vem, pode crer que levarei um prato especial para a ceia da família!
É tentador ceder
Em alguns casos é fácil manter a postura, como por exemplo com o peru. Me digam se não é nojento ver aquele animal tostado ali na mesa pronto pra ser comido por nós? Pensem no fato de que há uma grande cela com vários animais apertados se alimentando a fim de ficarem bem gordinhos até o natal. De lá eles são transportados para alguma indústria, e como já estão no ponto, nem se preocupam mais com sua alimentação. Depois são muitas vezes depenados ainda vivos e mortos de modo grotesco até serem embalados e finalizando um grande processo industrial até um deles ser temperado por nossa tia e comido por nós. Arrgth! Eu estou fora disso!
Por outro lado, meu prato preferido é servido justamente no natal... e pasmem.. é um animal! Sim... bacalhau desfiado. Uma delícia da qual estou abrindo mão. Isso sem falar no big bob com aquele hambúrguer delicioso, pizza de calabresa, a minha preferida, esfirra de carne do habibs, macarronada de molho branco e a tradicional picanha, prato especial da casa feito pelo papai e pela mamãe. Todas, absolutamente todas as minhas comidas preferidas são animais.
Não é tão fácil, não é tão difícil, mas uma coisa é certa: é possível!
Adeus, vida canibal!